segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma análise semiótica do Edifício Copan

O espaço urbano escolhido pelo grupo para ser analisado foi o Edifício Copan. Sobre o arquiteto que projetou o prédio, Oscar Niemeyer, dizem os especialistas que ele sempre foi um profissional visionário. Por toda essa capacidade de antever os tempos que viriam (o Copan foi projetado na década de 50), o arquiteto pensou um projeto que até os dias hoje não foi superado.

A princípio, por se tratar de um edifício residencial, imagina-se que somente os moradores o frequentem. Contudo, devido ao projeto de Niemeyer no qual integra um centro comercial no térreo do prédio, circulam, em média, cerca de 1.200 mil pessoas a mais nas imediações do Copan. Nesse espaço encontram-se igrejas, padarias, loja de roupas, vídeo locadoras e restaurantes. No caso, esses são os espaços de descontração que o edifício proporciona.

Em uma das muitas visitas que fizemos ao Copan, entrevistamos o professor de filosofia da UniABC, Chico Pinheiro. Ele destaca a diferença entre o projeto de Oscar Niemeyer dos empreendimentos imobiliários de hoje em dia. “Os prédios construídos atualmente são pequenos e mais parecidos com o ambiente de trabalho. Dessa forma não promovem a interação entre seus moradores, e por isso as pessoas vivem mudando de casa”, diz o professor, que completa: “já o Copan foi feito (devido à interação dos moradores no térreo e os apartamentos dos blocos A, C, e D, que possuem espaços de até 230m2) de uma forma na qual resgata a civilidade das pessoas”, acrescenta Chico, sobre o sucesso do Edifício.

Entretanto, o Copan deixa a desejar em dois quesitos: lazer e cultura. No que tange ao lazer dos moradores, o terreno ao lado do edifício, onde hoje se encontra o prédio do banco Bradesco, era o espaço que a princípio Niemeyer utilizaria para a construção de uma área de lazer para os moradores. Não obstante, isso não aconteceu. Ou seja, ou os condôminos procuram lazer em outras localidades ou não fazem nada – a não ser consumir os produtos vendidos nas lojas presentes no térreo do edifício.

No que diz respeito à cultura, o Copan também fica devendo. Isso acontece porque uma parcela pouco significativa da população consome cultura. E como nos dias de hoje a cultura não é vista como algo necessário para o desenvolvimento das pessoas e tão somente como produto de mercado, não há lojas no térreo do edifício que ofereçam esse “produto” aos moradores.

Espaço Comercial do Edifício Copan - Semiotização do Espaço Urbano


De acordo com a teoria semiótica Peirceana, o nosso objeto de análise – o edifício Copan - possui diversos elementos que se relacionam com o próprio dia-a-dia do edifício.

Ao observar o centro comercial do edifício Copan notamos que as lojas em funcionamento traduzem o dia-a-dia dos moradores do prédio. Lá encontramos: lanchonetes, restaurantes, lavanderias, salões de beleza, lojas de roupas masculinas e femininas. Um verdadeiro shopping.

Isto traduz que o local pode ser frequentado por qualquer individuo, morador ou não do edifício, que não tem tempo suficiente para fazer suas tarefas domesticas. Um dos principais elementos de cada comercio é o pouco espaço, fazendo com que as pessoas apenas se movimente pelo local para fazer uma pequena parada e logo volte para seus a fazeres.

Análise Semiótica do Edifício Copan



Justificativa

Por se tratar de um ícon
e da arquitetura paulista, o Edifício Copan sendo objeto de estudo pode revelar diversos segredos. O prédio, projetado por Oscar Niemeyer na década de 50, pode ser considerado “pouco democrático”. Vivem no edifício cerca de 5 mil pessoas. Algumas delas moram em apartamentos de até 250 m2. Em contrapartida, outras famílias residem em quitinetes de 28m2. Ou seja, a distribuição de espaços no Copan não é democrática.
Dada a discrepância entre esses fatores, outra justificativa que pode ser apresentada a fim de reforçar a escolha do Copan como objeto de analise está no fato de que circulam diariamente pelo edifício aproximadamente 1.200 mil pessoas que moram ou trabalham em seu entorno. As perguntas que ficam são: a forma como o Copan foi projetado é confortável para os visitantes? Promove a interação entre os indivíduos?